Ótimo café da manhã, almocei de novo. Paguei a pousada e carimbei o passaporte, na tentativa de sair cedo, mas no estacionamento peguei no papo com os ciclistas de Brasília, demorei um pouco para sair.
Perto de Cocais fica o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, a entrada é na estrada mesmo, à direita, bem sinalizada.
Taxa de colaboração: R$ 5,00
O sítio arqueológico fica dentro de uma propriedade de agricultura tipo familiar, com diversas plantações e criações, fui recebido pela Dna. Maria, muito falante e gente finíssima. Ela faz o papel de guia e me levou até às pinturas explicando a história, as técnicas das pinturas, a idade e, contando muita história para fazer rir também.
As pinturas ficam em três paredões próximos, na Serra da Conceição, bonito lugar, de onde é possível ver a Cachoeira da Pedra Pintada, que fica em outro sítio mais à frente. Altitude: 1250 m.
Serra da Conceição.
Pinturas com cenas de caça
Segundo Dna. Maria, as pinturas rupestres tem cerca de 6.000 anos, e são semelhantes a outras encontradas na França e na Espanha. O que dá para ver são cenas de caça, com muitos riscos, que provavelmente são alguma marcação de tempo. Há partes das pinturas de diferentes épocas, porém próximas, pois as formas dos desenhos se alteram.
Tudo informação da Dna. Maria: as tintas eram feitas com pedras moídas, sangue de animais, seivas vegetais, etc; e não saem! Pesquisadores já tentaram extrair um pouco das tintas para estudo, mas não tiveram muito sucesso.
Goste desta planta, ela é 8 ou 80, se não tem flor, só tem galho seco.
Se tem flor fica assim.
Essa caça era grande!
Tinta muito forte ainda!
Dna. Maria não quis me acompanhar ao terceiro paredão, por causa da enorme colmeia de abelhas que tem lá. Então fui sozinho, evitando fazer barulho e tirei algumas fotos, mas o cachorro do sítio acabou me seguindo e fazendo a maior folia no caminho, percebi que as abelhas começaram a me circular demais e tive que sair meio rápido.
A visita no local é rápido, o sítio tem uma infraestrutura de lanchonete e venda de doces, queijos, balas e artesanato.
A Cachoeira da Pedra Pintada não abre em dias de semana, pois o dono do sítio trabalha na cidade, mas permite visitação se passar por baixo da cerca e ir a pé; como de longe vi que a água era ínfima, passei reto.
Dna. Maria tem netos, então recebeu o folheto do Hospital de Câncer! Gostou e ficamos mais uns 10 minutos conversando sobre o assunto.
Ao sair do sítio arqueológico vi os rastos das bikes, os caras de Brasília já tinham passado reto, a galera pedala forte.
Segue o bonde, sentido Barão de Cocais, não visitei atrativos, pois o objetivo hoje era o Santuário do Caraça, em Catas Altas.
O caminho começa a ter outras indicações junto com os marcos da ER, são estes outros marcos indicando o Caminho Religioso da Estrada Real (CRER), provavelmente para as romarias em datas religiosas importantes.
Marcos adicionais da ER.
Também há outros indicativos para te manter na rota certa, durante as romarias são amarradas fitas zebradas nos arbustos e árvores da estrada, acaba a romaria mas elas continuam por lá por algum tempo.
Fitas indicando a rota da última romaria.
O trecho agora diferente, emtre Barão de Cocais e Santa Bárbara, se sai do cerrado e entra em mata atlântica, com sombra, mas muitas curvas, e descidas/subidas. Deu para refrescar um pouco o corpo e a moto.
Mata Atlântica
Antes de chegar em Santa Bárbara, plantação de eucaliptos, em colheita, estrada com bastante terra fofa devido ao movimento de máquinas. E não é que justamente alí encontro o pessoal das bikes? Eles estão mais rápido do que eu na estrada. Acelera então!
Colheita de eucalipto.
Ainda antes de Santa Bárbara, consegui uma foto com dois motivos (brincadeira do xt660.net), justamente na hora que eu inventava um jeito de tirar uma foto da Negona com essa ponte, o trem passou, então, foi do jeito que deu mesmo:
"Nossas motos com pontes e viadutos" e Nossas motos com trens"
Como também gosto de carros antigos, nessas viagens não deixo de observar os que aparecem, essa tive que fotografar, igualzinha a que a minha mãe tinha! Eu adorava esse carro. Se a cor da pintura for original, é um modelo LS de 1981, com motor 1.600, a última; pois já estava perdendo mercado para um outro carrinho recém lançado, chamado Gol BX (motor 1300 a ar).
Brasília da mamãe!
As obras em uma rua importante de Santa Bárbara, me fizeram sair da rota do GPS, fiquei perdido e acabei encontrando... com .... com .... a turma do pedal! Os caras tão andando a 80km/h em estada de terra? Ou eles estão tirando menos fotos do que eu!
Saindo agora para Catas Altas, continua um pouco de caminho com sombra.
Sombra extra até no banbuzal, depois... sol forte!
De Santa Bárbara para Catas Altas, caí em uma arapuca de novo, acho que já era a terceira vez, é o seguinte: quando vou andar na estrada de terra, murcho os pneus da moto um pouco, para ela não ficar quiquando, batendo tudo e também para conservar a coluna meia boca do piloto. Algumas vezes, dentro da cidade eu via que a saída era por asfalto, perguntava para os frentistas de posto se dali para frente era terra ou asfalto, alguns falavam que era tudo asfalto, então eu enchia o pneu da moto (perde tempo e começa a esquentar dentro da roupa), e quando eu saía da cidade, andava uns poucos quilômetros e o GPS mandava sair do asfalto... tudo de novo, pára para esvaziar pneu (perde tempo e esquenta dentro da roupa), por conta disso tomei duas decisões: 1) Não encho mais pneu, 2) preciso comprar uma jaqueta e calça mas apropriada para verão.
E atenção para os estudos das rotas, tem lugar que, simplesmente só se passa a pé ou de bike; dá para arriscar uma moto mais leve.
DICA: MARCO 485 - ATENÇÃO!
Esse marco é importante por dois motivos:
1 - A rodovia MG-129 nesse marco leva para o Santuário do Caraça, que fica antes de Catas Altas (eu errei, fui até Catas Altas e tive que voltar)
2 - O caminho para o próximo marco (486) é de passagem difícil para moto e não passa carro!
Então vamos por partes, primeiro visite o Santuário do Caraça, pegue a MG-129 sentido oeste, para Brumal, as placas indicarão bem o caminho.
Depois volte até o marco 485, se quiser continuar na ER, pela passagem difícil (marco 486), pegue a estrada de terra à direita, se quiser desviar siga em frente e pegue a ER mais adiante. Se for para Catas Altas pela ER, vai ver o Bicame de Pedra (marco 505), se for por asfalto perde a atração. Veja mapa:
Voltando ao trecho que segui, inclusive com o erro de ir a Catas Altas antes de ir ao Santuário.
No marco 486 a estrada de terra acaba na entrada de um sítio, e a rota é a direita por um caminho de gado, estreito, subida, piso inclinado lateralmente e com uma pedra lisa enorme (também inclinada) no meio da subida. Calor de 40 graus dentro da roupa, parei para analisar a situação, até o gado tinha deixado marcas de escorregões, a pedra estava coberta por um talco branco. Era tombo na certa passar ali. Consultando a planilha da ER vi que dava para fazer o caminho dos carros, desviando por asfalto até Catas Altas, mas eu queria seguir o roteiro fiel, então, vamos à aventura, do marco 486.
Esse marco é importante por dois motivos:
1 - A rodovia MG-129 nesse marco leva para o Santuário do Caraça, que fica antes de Catas Altas (eu errei, fui até Catas Altas e tive que voltar)
2 - O caminho para o próximo marco (486) é de passagem difícil para moto e não passa carro!
Então vamos por partes, primeiro visite o Santuário do Caraça, pegue a MG-129 sentido oeste, para Brumal, as placas indicarão bem o caminho.
Depois volte até o marco 485, se quiser continuar na ER, pela passagem difícil (marco 486), pegue a estrada de terra à direita, se quiser desviar siga em frente e pegue a ER mais adiante. Se for para Catas Altas pela ER, vai ver o Bicame de Pedra (marco 505), se for por asfalto perde a atração. Veja mapa:
Voltando ao trecho que segui, inclusive com o erro de ir a Catas Altas antes de ir ao Santuário.
No marco 486 a estrada de terra acaba na entrada de um sítio, e a rota é a direita por um caminho de gado, estreito, subida, piso inclinado lateralmente e com uma pedra lisa enorme (também inclinada) no meio da subida. Calor de 40 graus dentro da roupa, parei para analisar a situação, até o gado tinha deixado marcas de escorregões, a pedra estava coberta por um talco branco. Era tombo na certa passar ali. Consultando a planilha da ER vi que dava para fazer o caminho dos carros, desviando por asfalto até Catas Altas, mas eu queria seguir o roteiro fiel, então, vamos à aventura, do marco 486.
Na foto parece que o caminho é largo, não tão íngreme, mas é ilusão de ótica.
Marco 487
A saída foi analisar o caminho a fazer, ponto a ponto, mas com alforges pesados, altura menor da moto devido ao peso, e com certeza eles iriam pegar no chão quando a moto passasse pelos buracos mais fundos, somado ao calor e cansaço do piloto, resolvi descarregar a moto, passar e depois carregar de novo.
Esquema da trilha
Descarrega alforges, sobe o morro a pé para deixá-los lá em cima, volta para passar com a moto, a Negona foi valente, na pedra lisa eu tinha medo da roda da frente escorregar, mas essa passou e quem escorregou foi a traseira, santo protetor de cárter, salvou meus canos de escapamento. Pé no chão, acelera e a moto foi, beleza! Agora, carregar alforges de novo na moto. Suei tanto que encharcou a manga da jaqueta e pingava suor no chão como se estivesse tomado chuva. Deu certo.. vombora!
Caminho por pasto, com porteira!
Muito pasto e porteira depois, cheguei no marco 505 onde se encontra as ruínas do Bicame de Pedra, que foi um aqueduto, construído em 1972, originalmente com 18 km, servia para levar água para as minerações e cidades. Hoje ele tem somente estes 150 m. A obra custou 15 kg de ouro!
Alto do bicame
Bela paisagem!
Passagem.
Era uma grande obra.
E segue o GPS, agora saindo da estrada e passando ao lado da estrada de ferro. Em um percurso curto, voltando logo à estrada municipal.
Curto percurso ao lado da estada de ferro.
Segui até chegar em Catas Altas, a rota do GPS pode confundir um pouco, pois ela manda entrar na cidade por um pequeno trecho até a Catedral e depois sair passando sobre este mesmo trecho. Em Catas Altas parei para almoçar, já era 13:30h, a barriga roncava, comi em um pequeno restaurante self service, ao lado da catedral, com R$ 14,00 comi a vontade e tomei duas Cocas. De clientes, só eu e uma moça que não parava de chorar sozinha numa mesa no canto, ligava no celular, dava a notícia de que estava grávida e chorava! Chegou para pagar sua conta, sem chorar, mas só de falar com o dono do estabelecimento, chorava de novo e explicava, "eu tô grávida tô ligando para todo mundo para contar!" Bom, enquanto eu arrumei a moto a moça foi para uma escadaria lateral da igreja, ficava clicando no telefone e... chorava! Bom, já fui intrometido demais, deixa a moça chorar, coisa de grávida.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Guerreira
Mega marco da ER.
Passaporte carimbado no Centro de Atendimento ao Turista. Aproveitei para descobrir o caminho para o Santuário do Caraça, foi aquela explicação de mineiro né... primeira a direita, depois esquerda e depois direita, aí segue reto que sai lá. Bom sabendo que a primeira é à direita, o resto a gente vai descobrindo. E não é que errei? Estava andando atrás de um taxi, ultrapassei e fiz o motorista parar, taxista vai saber.. e, o senhor falou: "não, você passou, é primeira a esquerda, depois esquerda e aí segue reto". Ok, a primeira a esquerda eu acertei, e depois fui no instinto mesmo, e deu certo. Até o Santuário é tudo asfalto, paga-se R$ 15,00 para entrar (na verdade você recebe 2 vias de um recibo´na portaria do parque, tem que entregar e pagar na recepção R$ 15,00 e carimbar a segunda via para entregar na saída).
Caminho todo asfaltado
Santuário ao fundo.
O Santuário Caraça é aquele onde os padres alimentam os lobos Guarás à noite. É um complexo religioso, hoteleiro e de áreas protegidas ambientalmente. É possível se hospedar lá e ficar mais de um dia andando pelo parque que tem muitas atrações, mas as trilhas são maioria a pé. Ou dá para sair em outras regiões ao redor. Há diárias caras, mas havia um preço de R$ 127,00 com café, almoço e jantar inclusos, somando tudo, até nós motociclistas encaram!
Este é o museu, estava fechado.
O Santuário mantém várias atividades, educação, missionária, ajuda aos pobres, turismo, reserva particular do patrimônio natural, patrimônio cultural e é uma das 7 maravilhas da Estrada Real (não sei quais são as outras 6). Eu não sabia se podia tirar fotos, não havia placas, então fui tirando!
Dados da igreja.
Igreja por dentro.
É grande.
Dentre muitas imagens.
Tinha essa...
... com um túmulo aberto em baixo.
Jardim
O cara!
A igreja.
Igreja
Antigo, com antigo.
Vista geral.
Imagem da Via Sacra
Piscina
Indo embora.
Santuário visitado, voltei para Catas Altas para restabelecer a rota do GPS. Estrada de terra novamente e atenção, mais um local onde não passa carro, no marco 522, passagem tranquila sobre aterro de um belo açude com a serra ao fundo.
Dica para quem vai de carro: não saia da estrada no marco 522, continue sentido MG-129, ao chegar na rodovia já pegue a estrada de terra que surgir à direita, você voltará na ER no marco 524. Só perderá a imagem do açude, que não é lá grande coisa.
Marco 522
Serra ao fundo.
Agora sim, essa foto a seguir tem história dolorosa. Com já estava chegando o fim do dia, sol abaixando, resolvi tirar umas fotos com as bandeiras. Tudo beleza até eu resolver pegar uma pedra sobre esse platô no pé da cruz, estava meio longe do meu braço e eu dei um pulo para alcançar, na volta desequilibrei e bati as costelas com todo o meu peso de 100 kg; doeu... pensa num trem que doeu. Mas, aguentei e tirei a foto. Com dor, fui embora antes de anoitecer.
Fotinha doída!
Essa moto é pedreira!
Finalmente, anoitecendo, passei por Santa Rita Durão, Camargos e cheguei na cidade de Mariana! Pelo nome e pela história eu achava que era uma cidade pequena, só de prédios antigos... ilusão; a cidade é grande e de cara já peguei um congestionamento daquele que só vejo quando vou para São Paulo. Escureceu e resolvi dar uma de motoqueiro mesmo, cortando entre os carros (onde a largura permitia) e parei em um posto. Uma frentista que tentou me ajudar me confundiu mais, pois todos os hotéis que eu citei eram longe dali. Então, subi na moto e fui, no instinto... cheguei no centro histórico e achei a Pousada Contos de Minas... me assustei com o preço de R$ 140,00, chorei um desconto e não rolou. Liguei então no hotel Avenida Palace, o choro deu certo, saiu de R$ 100,00 para R$ 80,00 fui direto. Para jantar, saí a pé e comi espetinho ao lado do posto BR. Fazendo campanha para o HCB!
No posto BR, uma coleção particular de carrinhos, motos e troféus!
Coleção
A dor nas costelas, estava incomodando, não dava nem para por a mão em cima. Como eu já estava tomando os comprimidos para a coluna, achei que iam ajudar em tudo. Com dor, vombora dormir!
Amanhã, Ouro Preto!
Dicas:
- Santuário do Caraça - http://www.santuariodocaraca.com.br/
Pressão dos pneus - no off vale a pena diminuir, eu não tinha medidor, então contava até 15 esvaziando o pneu traseiro e até 8 no dianteiro. Tudo ficava entre 15 e 20 lb. Deve-se ter cuidado com pedras e buracos grandes ao andar nessas pressões baixas, pois uma pancada mais forte pode furar a câmara.
- Todos os atrativos de Barão de Cocais: http://www.minasgerais.com.br/o-que-visitar/?cidade=barao-de-cocais
- Todos os atrativos de Barão de Cocais: http://www.minasgerais.com.br/o-que-visitar/?cidade=barao-de-cocais
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