A noite foi mais ou menos, a dor nas costelas atrapalhou bem o sono, dormir sobre o lado esquerdo do corpo é tarefa impossível, mas mandei os remédios para dentro durante o café da manhã e vamos seguir com calma, pois os off acabou.
Programa de hoje: acordar cedo, antes da cidade ficar movimentada e ir visitar o centro histórico de Mariana, carimbar o passaporte, visitar a Mina da Passagem, terminar a expedição em Ouro Preto (ponto final do Caminho dos Diamantes), finalizando a guarda da bandeira Special Operations do xt660.net, assim como a campanha para o HCB deste ano.
Fora da expedição, seguir para Congonhas ver os apóstolos de Aleijadinho, depois terminar o dia em Carrancas para encontrar os amigos Karla, Robertão e César (filho da Karla que foi passar o fim de semana lá). A Rosa já tinha ido embora dias antes, fazer outra trip e ir para casa.
Moto abastecida, pneus com pressão de asfalto, primeira tarefa ir na Pousada Contos de Minas (esqueci de fazer isso ontem). Cidade ainda vazia, vi que ia ser tranquilo para a visita no centro histórico, porém, alguns problemas:
- Centro histórico fechado, pois haveria um evento de bikes (aquele para o qual os bikers de Brasília estavam vindo).
- A cidade é toda com zona azul, e moto tem que parar em lugares específicos, todos longe; aí moto com alforges e outras coisas, não tinha segurança para deixar sozinha.
Dei uma volta no quarteirão procurando um estacionamento, achei um portão aberto e no fundo parecia mesmo um estacionamento, porém não havia placas indicando isso. Entrei com a moto no lugar, não havia uma alma para atender, coloquei em uma baia com um bilhete do horário de chegada, para pagar corretamente depois. Eram 7:30h, se eu visitasse tudo até antes das 8:00h talvez o funcionário não chegasse e a estacionada saísse num 0800.
Corri direto para a Catedral de Nossa Senhora de Assunção, que era a mais perto. Entrei e comecei a fotografar, principalmente as peças revestidas de ouro, que são mais impressionantes. Lá dentro um grupo de idosos oravam cantando, mesmo assim discretamente tirei mais fotos, até que uma mão bateu em meu ombro e uma voz disse "é proibido tirar fotos aqui dentro", e o dono da mão e da voz passou por mim em direção aos idosos. Bom, como não havia placas indicando a proibição, não me preocupei e simplesmente parei de tirar as fotos.
Catedral de Nossa Senhora de Assunção (1734)
Catedral de Nossa Senhora de Assunção (1734)
Catedral de Nossa Senhora de Assunção (1734)
Órgão - Catedral de Nossa Senhora de Assunção (1734)
Catedral de Nossa Senhora de Assunção (1734)
Catedral de Nossa Senhora de Assunção (1734)
Catedral de Nossa Senhora de Assunção (1734)
Catedral de Nossa Senhora de Assunção (1734)
Ruas do Centro Histórico de Mariana
Terminada à visita, corri para o estacionamento, pois ainda era 07:50h, por sorte ninguém chegou para cobrar, então fui embora. Segue para Mina da Passagem.
A Mina da Passagem fica no caminho para Ouro Preto, mas só abre às 09:00h, então, depois de visitar Ouro Preto, dar o último carimbo no passaporte e pegar o certificado, volto na mina.
Ouro Preto é uma cidade grande, com bastante trânsito, assim é melhor ir direto para o centro histórico, a Praça Tiradentes.
Our Preto foi a primeira cidade brasileira a ser declarada, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, no ano de 1980
Subidas de quase 45º
No fim da subida, igreja.
Igreja Matriz de Santa Efigênia (1720 a 1785) projetada pelo pai de Aleijadinho
Ao fundo, Museu da Inconfidência
Praça Tiradentes, com o monumento ao mesmo.
Igreja Nossa Senhora das Mercês “de Cima”
Sino de uma igreja em roforma
Igreja de São Francisco de Paula.
Praça Tiradentes
Feira de Artesanato em frente à Igreja de São Francisco de Assis
Feira de Artesanato em frente à Igreja de São Francisco de Assis
Feira de Artesanato em frente à Igreja de São Francisco de Assis
Eu estava interessado nas obras de Aleijandinho, mas com as reformas no museu, elas estavam transferidas para a Igreja de São Francisco de Assis, então vamos lá. À frente da igreja fica uma feira de artesanato e muitos guias e guardadores de carros abordam a gente, um quis cuidar da moto, deixei. Na entrada da igreja se paga uma taxa de R$ 5,00 e já há avisos para todos os lados "Proibido fotografar e filmar", então, a igreja e as obras de Aleijadinho ficarão somente na lembrança.
Dentro da igreja, fiquei perto de alguns guias que contam as histórias de tudo, por exemplo, a Santa Ceia pintada em uma das paredes apresenta somente comida mineira, com uma grande costela de porco; na pintura referente ao Lava Pés, Jesus tem corpo de mulher, com seios fartos; obras de Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde.
Igreja de São Francisco de Assis
No interior, obras de Aleijadinho, com muitas histórias também, imagens perfeitas feitas em madeira, ou pedra sabão. Só visitando para entender.
Tudo visitado, fui à Fiemg dar a última carimbada no passaporte da ER e pegar o tal certificado, tive que colocar o certificado nos Correios, pois não tinha lugar nas malas que eles não fossem se amassar.
Uma paradinha em uma loja de pedras para comprar uns presentes para as meninas, um lanchinho com Coca e água para voltar a pilotar, agora para voltar à Mina da Passagem.
A Mina da Passagem é a maior mina de ouro do mundo aberta à visitação pública. Tem uma história bem complexa entre vários donos, várias paradas e retomadas na exploração. Mas o que aprendi foi o seguinte: são 8 km quadrados de galerias feitas sob cálculos precisos de engenheiros, para se explorar o máximo de rocha sem abalar a estrutura, são nove pavimentos, sendo do quinto em diante alagados. Dessa mina foram tiradas 35 toneladas de ouro até hoje, e ainda estima-se que haja, em seus pilares de sustentação, mais de 70 toneladas. A escavação se estende por baixo de boa parte de Mariana, havendo outras entradas, que atualmente são bloqueadas.
Entrada da mina.
Custa R$ 35,00 a visita, mas acho que vale à pena. A visita é feita com guias. A descida é feita por um carrinho sobre trilhos, para várias pessoas, através de cabo de aço movido por uma máquina à ar comprimido.
Carrinho
Descida
Máquina de ar comprimido
Descemos à 135 metros
O esquema do ouro nessa mina é o seguinte: o ouro veio de rochas magmáticas que se infiltraram entre as rochas ali existentes, a parte que tem ouro é a branca, as rochas derretidas vieram de baixo para cima em um movimento diagonal, por isso que as paredes da mina são inclinadas, as escavações seguiam o caminho do ouro. Com o movimento magmático o outro se concentrou na parte superior da mina, em cerca de 4g de ouro para cada tonelada de pedras, na parte inferior a concentração é de 1g para cada tonelada.
Paredes inclinadas
A abertura da mina era feita com explosões, as rochas brancas eram levadas para cima, as escuras ficavam lá embaixo em partes já exploradas anteriormente, este trabalho de organizar as rochas dentro da mina era feito no intervalo de almoço dos operários, por isso que existe aquela expressão: "enquanto descansa, carrega pedra".
Enquanto descansa, carrega pedra
Pedras escuras guardadas na mina
Quarto pavimento
Outra curiosidade, na época em que o ouro era explorado por escravos, aqueles que ficavam nas batéias roubavam o outro esfregando o pó no pelo das éguas, à noite, escondidos eles lavam os pelos dos animais para retirar o ouro, daí surgiu a expressão "lavando a égua".
Galeria
O cara e as mina!
Outra curiosidade, aqueles mesmos escravos que lavavam a égua, tinham que esconder o ouro com alguém de confiança, pois esta poupança serviria para comprar a liberdade, e quem melhor que o vigário para cuidar dessa guarda? Mas, quando o vigário ajuntava uma certa quantia, fugia com o dinheiro, aí todo mundo "caiu no conto do vigário"!
Trilho do carrinho.
Placa antiga, indicando o 3º nível
Paredes com várias cores de rochas.
Do 5º ao 9º pavimento a mina é totalmente alagada. Há uma empresa que explora essa área com mergulhos, mas os mergulhadores não podem ser amadores.
Primeiro nível alagado
Local de saída dos mergulhos
Como em Diamantina não achei ouro, melhor tentar em Mariana, então fui lá eu para a batéia.
Procurando ouro
Deixa com quem sabe
Terminou, quanto deu?
Resultado positivo, deve ter uns 0,00001 gramas.
Peças antigas da mina.
Há também um museu, com coisas antigas e materiais utilizados nas minerações do passado.
Liteira do séc. XVIII usado pelos bispos de Mariana.
Teodolito.
Projetora de filmes
Made in USA
Para medir elevações nas minas
Caixas de transporte de ouro
Lógico, tinha que ter balança
E obrigatoriamente, um cofre.
Made in USA
E carros antigos
Terminada a visita na Mina da Passagem, já saindo definitivamente da rota do Caminho dos Diamantes, finalizo aqui a Expedição, o trabalho das bandeiras Hospital de Câncer de Barretos (Moto Grife) e Special Operations (xt660.net). Gastei quase todos os folders que peguei no HCB, os cartões de visita e os adesivos. Não sei em quantas doações ou conscientizações quanto ao câncer infantil vou ter sucesso, mas trabalhei como aquele beija-flor da fábula, fazendo minha parte e espero que tenha ajudado bastante.
A bandeira Special Operations fica agora disponível ao próximo guardião do xt660.net que queira fazer uma boa ação.
A bandeira HCB continuará em trabalho em qualquer viagem ou evento em que eu participar!
Foto para encerrar os trabalhos das bandeiras.
Fiz como o beija-flor da fábula.
O caminho agora é passar por Congonhas, visitar o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, com os profetas de Aleijadinho, e começar a volta para casa, passando antes em Carrancas para encontrar os amigos, fazer um churrasco, confraternizar, descansar para pegar a estrada amanhã.
O trecho até Carrancas faz parte do Caminho Velho da Estrada Real, que vai de Ouro Preto até Paraty, que com certeza, fará parte de uma expedição futura, assim não segui marcos nem rotas, apenas caminhos de asfalto.
Partes da história
Conservada
Mais fotos
Onde está a Negona?
Ouro Branco
Finalmente em Congonhas, já aprendi que as cidades históricas não são pequenas. Cheguei até próximo ao Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, mas ao lado é um camelódromo, com todo o tipo de coisas xing lings, não dá para chegar de moto. Como havia um posto policial ali, estacionei a moto do lado e fui tranquilo. O calor era forte, só não sofri tanto porque hoje não usei ainda a calça, bota e jaqueta, já que os trechos até aqui eram curtos.
Então, eis o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos e os apóstolos de Ajeijadinho (alguns).
Entrada do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Profeta Jeremias
Profeta Isaías
O cara.
Profeta Jeremias
Profeta Isaías
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos
Profeta Baruc
Esquerda: profeta Daniel.
Direita: Profeta Oséias
Profeta Oséias
Findada a visita aos profetas, hora de encarar a estrada, sem paradas até Carrancas. Eu precisava vestir a calça, a jaqueta e a bota para pilotar, como estava com as calças dry por baixo, fiz tudo isso ali na rua mesmo, entre a moto e um carro. Piloto pronto, vombora.
Em Carrancas, Karla, Robertão e o César já estavam se preparando para um pequeno churrasco. Bom papo, boas histórias contadas e um bom descanso para o retorno aos lares amanhã.
Antes de dormir, olha que foto legal:
Acho que valeu a pena!